Obama: O discurso de vitória
05.11.2008 - 20h24
Boa noite, Chicago. Se ainda houver alguém que duvida que a América é o lugar onde todas as coisas são possíveis, que questiona se o sonho dos nossos fundadores ainda está vivo, que ainda duvida do poder da nossa democracia, teve esta noite a sua resposta.É a resposta dada pelas filas de voto que se estendiam em torno de escolas e igrejas em números que esta nação jamais vira, por pessoas que esperaram três e quatro horas, muitas pela primeira vez na sua vida, porque acreditavam que desta vez tinha de ser diferente, que as suas vozes poderiam fazer essa diferença.É a resposta dada por jovens e velhos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, nativos americanos, homossexuais, heterossexuais, pessoas com deficiências e pessoas saudáveis. Americanos que enviaram uma mensagem ao mundo, a de que nunca fomos apenas um conjunto de indivíduos ou um conjunto de Estados vermelhos e azuis.Somos e sempre seremos os Estados Unidos da América.É a resposta que levou aqueles, a quem foi dito durante tanto tempo e por tantos para serem cínicos, temerosos e hesitantes quanto àquilo que podemos alcançar, a porem as suas mãos no arco da História e a dobrá-lo uma vez mais em direcção à esperança num novo dia.Há muito que isto se anunciava mas esta noite, devido àquilo que fizemos neste dia, nesta eleição, neste momento definidor, a mudança chegou à América.Há pouco recebi um telefonema extraordinariamente amável do Senador McCain.O Senador McCain lutou longa e arduamente nesta campanha. E lutou ainda mais longa e arduamente pelo país que ama. Fez sacrifícios pela América que muitos de nós não conseguimos sequer imaginar. Estamos hoje melhor devido aos serviços prestados por este líder corajoso e altruísta.Felicito-o e felicito a governadora Palin por tudo aquilo que alcançaram. Espero vir a trabalhar com eles para renovar a promessa desta nação nos próximos meses.Quero agradecer ao meu parceiro neste percurso, um homem que fez campanha com o seu coração e falou pelos homens e mulheres que cresceram com ele nas ruas de Scranton e viajaram com ele no comboio para Delaware, o vice-presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.E eu não estaria aqui hoje sem o inabalável apoio da minha melhor amiga dos últimos 16 anos, a pedra angular da nossa família, o amor da minha vida, a próxima Primeira Dama do país, Michelle Obama.Sasha e Malia, amo-vos mais do que poderão imaginar. E merecem o novo cachorro que virá connosco para a nova Casa Branca.E embora ela já não esteja entre nós, sei que a minha avó está a observar-me, juntamente com a família que fez de mim aquilo que sou. Tenho saudades deles esta noite. Reconheço que a minha dívida para com eles não tem limites.Para a minha irmã Maya, a minha irmã Alma, todos os meus outros irmãos e irmãs, desejo agradecer-vos todo o apoio que me deram. Estou-vos muito grato.E ao meu director de campanha, David Plouffe, o discreto herói desta campanha, que, na minha opinião, concebeu a melhor campanha política da história dos Estados Unidos da América.E ao meu director de estratégia, David Axelrod, que me tem acompanhado em todas as fases do meu percurso.Para a melhor equipa alguma vez reunida na história da política: tornaram isto possível e estou-vos eternamente gratos por aquilo que sacrificaram para o conseguir.Mas acima de tudo nunca esquecerei a quem pertence verdadeiramente esta vitória. Ela pertence-vos a vós. Pertence-vos a vós.Nunca fui o candidato mais provável para este cargo. Não começámos com muito dinheiro nem muitos apoios. A nossa campanha não foi delineada nos salões de Washington. Começou nos pátios de Des Moines, em salas de estar de Concord e nos alpendres de Charleston. Foi construída por homens e mulheres trabalhadores que, das suas magras economias, retiraram 5 e 10 e 20 dólares para a causa.Foi sendo fortalecida pelos jovens que rejeitavam o mito da apatia da sua geração e deixaram as suas casas e famílias em troca de empregos que ofereciam pouco dinheiro e ainda menos sono.Foi sendo fortalecida por pessoas menos jovens, que enfrentaram um frio terrível e um calor sufocante para irem bater às portas de perfeitos estranhos, e pelos milhões de americanos que se ofereceram como voluntários, se organizaram e provaram que mais de dois séculos depois, um governo do povo, pelo povo e para o povo não desaparecera da Terra.Esta vitória é vossa.E sei que não fizeram isto apenas para vencer uma eleição. E sei que não o fizeram por mim.Fizeram-no porque compreendem a enormidade da tarefa que nos espera. Porque enquanto estamos aqui a comemorar, sabemos que os desafios que o amanhã trará são os maiores da nossa vida – duas guerras, uma planeta ameaçado, a pior crise financeira desde há um século.Enquanto estamos aqui esta noite, sabemos que há americanos corajosos a acordarem nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para arriscarem as suas vidas por nós.Há mães e pais que se mantêm acordados depois de os seus filhos adormecerem a interrogarem-se sobre como irão amortizar a hipoteca, pagar as contas do médico ou poupar o suficiente para pagar os estudos universitários dos filhos.Há novas energias para aproveitar, novos empregos para serem criados, novas escolas para construir, ameaças para enfrentar e alianças para reparar.O caminho à nossa frente vai ser longo. A subida vai ser íngreme. Podemos não chegar lá num ano ou mesmo numa legislatura. Mas América, nunca estive tão esperançoso como nesta noite em como chegaremos lá.Prometo-vos. Nós, enquanto povo, chegaremos lá.Haverá reveses e falsas partidas. Há muitos que não concordarão com todas as decisões ou políticas que eu tomar como presidente. E sabemos que o governo não consegue solucionar todos os problemas.Mas serei sempre honesto para convosco sobre os desafios que enfrentarmos. Ouvir-vos-ei, especialmente quando discordarmos. E, acima de tudo, pedir-vos-ei que adiram à tarefa de refazer esta nação da única forma como tem sido feita na América desde há 221 anos – pedaço a pedaço, tijolo a tijolo, e com mãos calejadas.Aquilo que começou há 21 meses no rigor do Inverno não pode acabar nesta noite de Outono.Somente a vitória não constitui a mudança que pretendemos. É apenas a nossa oportunidade de efectuar essa mudança. E isso não poderá acontecer se voltarmos à forma como as coisas estavam.Não poderá acontecer sem vós, sem um novo espírito de empenho, um novo espírito de sacrifício.Convoquemos então um novo espírito de patriotismo, de responsabilidade, em que cada um de nós resolve deitar as mãos à obra e trabalhar mais esforçadamente, cuidando não só de nós mas de todos.Recordemos que, se esta crise financeira nos ensinou alguma coisa, é que não podemos ter uma Wall Street florescente quando as Main Street sofrem.Neste país, erguemo-nos ou caímos como uma nação, como um povo. Resistamos à tentação de retomar o partidarismo, a mesquinhez e a imaturidade que há tanto tempo envenenam a nossa política.Recordemos que foi um homem deste Estado que, pela primeira vez, transportou o estandarte do Partido Republicano até à Casa Branca, um partido fundado em valores de independência, liberdade individual e unidade nacional.São valores que todos nós partilhamos. E embora o Partido Democrata tenha alcançado uma grande vitória esta noite, fazemo-lo com humildade e determinação para sarar as divergências que têm atrasado o nosso progresso.Como Lincoln disse a uma nação muito mais dividida do que a nossa, nós não somos inimigos mas amigos. Embora as relações possam estar tensas, não devem quebrar os nossos laços afectivos.E àqueles americanos cujo apoio ainda terei de merecer, posso não ter conquistado o vosso voto esta noite, mas ouço as vossas vozes. Preciso da vossa ajuda. E serei igualmente o vosso Presidente.E a todos os que nos observam esta noite para lá das nossas costas, em parlamentos e palácios, àqueles que estão reunidos em torno de rádios em cantos esquecidos do mundo, as nossas histórias são únicas mas o nosso destino é comum, e uma nova era de liderança americana está prestes a começar.Aos que querem destruir o mundo: derrotar-vos-emos. Aos que procuram a paz e a segurança: apoiar-vos-emos. E a todos aqueles que se interrogavam sobre se o farol da América ainda brilha com a mesma intensidade: esta noite provámos novamente que a verdadeira força da nossa nação não provém do poder das nossas armas ou da escala da nossa riqueza, mas da força duradoura dos nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e uma esperança inabalável.É este o verdadeiro génio da América: que a América pode mudar. A nossa união pode ser aperfeiçoada. O que já alcançámos dá-nos esperança para aquilo que podemos e devemos alcançar amanhã.Esta eleição contou com muitas estreias e histórias de que se irá falar durante várias gerações. Mas aquela em que estou a pensar esta noite é sobre uma mulher que depositou o seu voto em Atlanta. Ela é muito parecida com os milhões de pessoas que aguardaram a sua vez para fazer ouvir a sua voz nestas eleições à excepção de uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.Ela nasceu apenas uma geração depois da escravatura, numa época em que não havia automóveis nas estradas nem aviões no céu; em que uma pessoa como ela não podia votar por duas razões – porque era mulher e por causa da cor da sua pele.E esta noite penso em tudo o que ela viu ao longo do seu século de vida na América – a angústia e a esperança; a luta e o progresso; as alturas em que nos foi dito que não podíamos e as pessoas que não desistiram do credo americano: Sim, podemos.Numa época em que as vozes das mulheres eram silenciadas e as suas esperanças destruídas, ela viveu o suficiente para se erguer, falar e votar. Sim, podemos.Quando havia desespero e depressão em todo o país, ela viu uma nação vencer o seu próprio medo com um New Deal, novos empregos, e um novo sentimento de um objectivo em comum. Sim, podemos.Quando as bombas caíam no nosso porto e a tirania ameaçava o mundo, ela esteve ali para testemunhar uma geração que alcançou a grandeza e salvou uma democracia. Sim, podemos.Ela viu os autocarros em Montgomery, as mangueiras em Birmingham, uma ponte em Selma, e um pregador de Atlanta que dizia às pessoas que elas conseguiriam triunfar. Sim, podemos.Um homem pisou a Lua, um muro caiu em Berlim, um mundo ficou ligado pela nossa ciência e imaginação.E este ano, nestas eleições, ela tocou com o seu dedo num ecrã e votou, porque ao fim de 106 anos na América, tendo atravessado as horas mais felizes e as horas mais sombrias, ela sabe como a América pode mudar.Sim, podemos.América, percorremos um longo caminho. Vimos tanto. Mas ainda há muito mais para fazer. Por isso, esta noite, perguntemos a nós próprios – se os nossos filhos viverem até ao próximo século, se as minhas filhas tiverem a sorte de viver tantos anos como Ann Nixon Cooper, que mudança é que verão? Que progressos teremos nós feito?Esta é a nossa oportunidade de responder a essa chamada. Este é o nosso momento.Este é o nosso tempo para pôr o nosso povo de novo a trabalhar e abrir portas de oportunidade para as nossas crianças; para restaurar a prosperidade e promover a causa da paz; para recuperar o sonho americano e reafirmar aquela verdade fundamental de que somos um só feito de muitos e que, enquanto respirarmos, temos esperança. E quando nos confrontarmos com cinismo e dúvidas e com aqueles que nos dizem que não podemos, responderemos com o credo intemporal que condensa o espírito de um povo: Sim, podemos.Muito obrigado. Deus vos abençoe. E Deus abençoe os Estados Unidos da América
11 comentários:
É bem possível que as "coisas" comecem a aquecer a partir de agora e que o "absurdo", mais dia menos dia apareça, escarrapachado nos jornais, que, para "alguns",é a montra privilegiada,para diminuir os "outros".
As "coisas" devem ser tratadas com acutilância e de preferência extra-muros.
As ideias disparatadas,as bobagens e os equívocos, são "coisas" que não podem nem devem ser discutidas nos órgãos próprios, porque perdia o sentido peregrino da luta.
Falar no interior é a mesma coisa do que falar para o umbigo. Logo as provocações,as frases soltas e a forma como uns falam dos outros, ficavam em casa, o que seria frustrante, para a vizinhança.
E como o PS, é um partido plural e aberto,dispensa bem a Concelhia e a Distrital.
Embora me custe,tenho de lhes dar razão.
( a pedido do olhar atento)
QUANDO HÁ SANGUE, HÁ NOTICIA
Haverá mais a dizer, para além do que já tens vindo a postar Carlos?
Haverá mais a dizer, para além do que temos vindo a comentar?
O que faz esse Senhor Presidente perante este triste e lamentável espectáculo?
Retenho a frase de Francisco Assis “COM CAMARADAS DE PARTIDO NÃO TRAVO COMBATE POLITICO NA PRAÇA PÚBLICA”
Francisco Assis então porque estão as coisas assim?
Eu também criticaria a Praça Pública, se as coisas fossem TODAS discutidas dentro do Partido e pelas palavras do Líder da Concelhia, dá-nos a entender que TU como cabeça de lista e contigo arrastas os outros não tens feito com RIGOR oposição, tens falta de AGRESSIVIDADE e responsabiliza-te a TI e por arrasto os outros Vereadores de falta de Articulação com o Partido.
MENTE ELE ou falas TU verdade, quando dizes “ALGO A MELHORAR E A CORRIGIR”…
Escudas-te na “NATURAL FALTA DE ENTUSIASMO” ao “ACTUAL CONTEXTO”..
QUAL CONTEXTO….o do TEU GOVERNO?
Diz, de uma vez por TODAS…
OLHA que o Vereados Manuel Pizarro é peremptório e afirma que ESTÁ e SEMPRE esteve disponível a discutir o TEMA dentro do Partido.
Afinal não há tantas reuniões quanto isso…NÃO ACHAS?
Por outro lado não deixo de mandar um recado aos “Orlandos”.
Será que quando Pizarro diz, TENHO FALADO NOS ORGÃOS DO PARTIDO, suponho Concelhia naturalmente, “ESSAS CRITICAS NUNCA ME FORAM FEITAS EM QUALQUER REUNIÃO… DEVE HAVER ALGUMA FALTA DE “ORGÃOS” NÃO SERÁ GASPARINHO?
Em que ficamos? Quente mente?
Oh Carlos, meus Amigos, não há paciência com tanta falta de inteligência.
E dizes tu Carlitos, que vêm mais posições a caminho?
Será para tirar a respiração de vez ao Presidente.
Corre para LÁ …não te esqueças da garrafa de oxigénio.
Olha Carlos, não vás…não vás…chama o Jorge Coelho.
RAZÃO TEM O NAZARÉ, QUANDO LANÇOU O NOVO SISTEMA….PHONE-IX.
Saudações
Saudades
Olhar atento*militante
Se há falta de entusiasmo a culpa é minha que não sou do PS?
Voto PS mas começo a ter repensar a minha posição. Ou governa mais à esquerda e tem um PS no Porto com ideias e com projecto ou não voto.
Dois anos de absurdos Coelho dos Santos?
E onde andam os 10 mil militantes do PS?
Eu não tenho cartão, mas dá pena vêr onde chegou este PS do Porto e a nível nacional valha-nos Deus.
Onde anda a oposição interna do PS?
Carlos Pinto e Raul Breito e mais alguns que aqui comentam não têm medo e andam a chamar a atenção há muito tempo.
Porque esperam?
O Clã não deixa que o PS se renova?
Vem aí outro partido político e vai fazer moça.
Boa pergunta Gil Martins.
Realmente,onde andam e andaram eles??? -Não se esqueça que este comportamento,já tem barbas.
Quanto à oposição, ela anda por aí e por aqui... no Vimaraperes.
Sou dos que acreditam que nestas "coisas" quando todos ajudam, nada custa.
Por isso,o tal Clã quer queira ou não, vai ter de se haver com os voluntários,para a mudança.
Penso por isso,não ser necessário o aparecimento de outro partido,pois que não será melhor, com toda a certeza, do que o "verdadeiro" PS que nós militantes queremos.
Saudações.
Coellho dos Santos está atento ao Jn de àmanhã- Há novidades. A fonte está a trabalhar bem.
Meu caro josant:
Eu sou militante do PS! Frequento o Vimaraperes e Não sou Oposição ao Partido Socialista!! O BLOG serve para eu execer essa minha condição a de Militante.
A função de um militnte no conceito que tenho da militancia partidária; "é lembrar aos camaradas que governam as promessas feitas em campanha eleitoral", isto é, que governem de acordo com os principios programáticos do PS, para no final do mandato quando tiverem que prestar contas ao eleitorado, voltem a ser governo aos órgãos que se candidatarem.
Pensar de outra forma é estar-mos a abrir caminho aos que hoje são oposição; (que continuem por lá por muitos e bons anos) ocupem os lugares por demérito das nossas politicas, (incumprimento de promessas)e não pelo mérito das suas,(deles) propostas.
Tendo em conta os partidos do arco da governação em Portugal, estaria a arranjar, (se fosse oposição) lenha para me queimar, abrindo caminho para o PSD.
Ora não é esse o meu objectivo, e concerteza da maioria dos frequentadores deste BLOG.
Peço desculpa ao josant. quem falou em oposição no comentário que escreveu foi o Gil Martins.
O Ernesto tem razão. Não há oposição interna no PS. Pode haver é correntes de opinião e políticas divergentes.
Não há inimigos.
O PS não se pode confundir com outros partidos.
Tem alguns defeitos mas esse de oposição não.
Eu como não sou militante disse à minha maneira.
Sei que oposição é forte.
Mas vai mal um partido onde todos pensam da mesma maneira.
O que não é o caso.
Pelo que tenho visto neste Blog à liberdade de crítica e de opinião.
Meu caro;Gil Martins, gosto tanto da Liberdade de expressão que sou incapaz de contribuir para privar outros de a exercer. limitei-me a colocar no comentário o que penso sobre este exercicio de cidadania que é: "Ser militante de um partido politico," os meus contributos, neste e outros espaços, espero que sirvam aos dirigentes do PS para governar melhor. quanto ao meu amigo, é livre de optar por aquilo que achar melhor. Tirar coclusões que todos os que comentam no blog. estão na oposição ao PS não me parece que seja correcto.No meu caso pessoal,(e só falei por mim)está errado.
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