EUA-POLÍTICA VENCE A ECONOMIA?
Chumbo do plano Bush provoca caos em Wall Street PEDRO FERREIRA ESTEVES
Crise. As bolsas dos EUA responderam com o pior dia desde o 'crash' de 1987 ao chumbo na Câmara dos Representantes do plano da Casa Branca para comprar os 'activos tóxicos' que já provocaram várias 'nacionalizações' nos EUA e, agora, na EuropaProposta chumbou por 23 votos de diferença Bastaram as decisões de 12 representantes do povo norte-americano para que as bolsas de Wall Street registassem o pior dia desde o crash de 1987. E para gerar o pânico a nível global de que se assista a uma "cascata" de falências ou "nacionalizações" de grandes instituições financeiras. O plano patrocinado pela Administração Bush teve 228 votos contra e 205 a favor na Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA. Uma diferença de 23 votos.O final da votação foi recebido com um profundo silêncio na sala de mercados de Nova Iorque. E com uma agitação a roçar a histeria na Câmara de Representantes. Durante 40 minutos, ainda se tentou alterar o sentido de voto de alguns membros, mas apenas dois reforçaram a coluna do "sim". Durante esses 40 minutos, já as quedas das bolsas de Nova Iorque tinham acelerado de -4% para -7% e -9%, com que fecharam a sessão, "limpando" 1,1 triliões de dólares (762 biliões de euros) do valor da bolsa do EUA.Os republicanos - do partido do actual Presidente George W. Bush - dominaram a oposição à proposta, que já continha algumas das condições impostas ao plano inicial. Mas a votação foi dividida. 133 republicanos opuseram-se, tal como 95 democratas. O apoio veio de 140 democratas e 65 republicanos.A oposição à maior injecção de dinheiro público (700 mil milhões de dólares) no sistema financeiro desde a Grande Depressão da década de 30 teve por base convicções políticas, com muitos dos representantes que votaram "não" a justificarem-se com a falta de apoio dos cidadãos que os elegeram. O argumento é de que não querem utilizar o dinheiro dos contribuintes para resolver os problemas provocados por maus investimentos dos profissionais de Wall Street. Como resumiu à Lusa o economista Ricardo Reis, da Universidade de Columbia, "o espírito por detrás do plano é antimercado, anticapitalista e antiliberal". Já os representantes que votaram a favor do plano alertaram para o impacto da recusa em comprar os "activos tóxicos" espalhados pelo sistema financeiro mundial, aprofundando os danos que já chegaram à Europa. Ontem, vários bancos europeus tiveram de ser alvo de intervenções estatais, à imagem do que aconteceu nos EUA. O plano visava, precisamente, retirar dos balanços e das carteiras de investimento dos bancos os activos que tinham sido reduzidos a zero devido às falências no mercado de crédito de alto risco nos EUA (subprime). Os apoiantes do plano sublinharam também o risco que um eventual "efeito-dominó" de falências ou intervenções representa para as poupanças de milhões de norte-americanos (e não só) dada a consequente queda das bolsas, acentuada pelo pânico que, já ontem nos EUA, ganhou novos contornos de gravidade.
Crise. As bolsas dos EUA responderam com o pior dia desde o 'crash' de 1987 ao chumbo na Câmara dos Representantes do plano da Casa Branca para comprar os 'activos tóxicos' que já provocaram várias 'nacionalizações' nos EUA e, agora, na EuropaProposta chumbou por 23 votos de diferença Bastaram as decisões de 12 representantes do povo norte-americano para que as bolsas de Wall Street registassem o pior dia desde o crash de 1987. E para gerar o pânico a nível global de que se assista a uma "cascata" de falências ou "nacionalizações" de grandes instituições financeiras. O plano patrocinado pela Administração Bush teve 228 votos contra e 205 a favor na Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA. Uma diferença de 23 votos.O final da votação foi recebido com um profundo silêncio na sala de mercados de Nova Iorque. E com uma agitação a roçar a histeria na Câmara de Representantes. Durante 40 minutos, ainda se tentou alterar o sentido de voto de alguns membros, mas apenas dois reforçaram a coluna do "sim". Durante esses 40 minutos, já as quedas das bolsas de Nova Iorque tinham acelerado de -4% para -7% e -9%, com que fecharam a sessão, "limpando" 1,1 triliões de dólares (762 biliões de euros) do valor da bolsa do EUA.Os republicanos - do partido do actual Presidente George W. Bush - dominaram a oposição à proposta, que já continha algumas das condições impostas ao plano inicial. Mas a votação foi dividida. 133 republicanos opuseram-se, tal como 95 democratas. O apoio veio de 140 democratas e 65 republicanos.A oposição à maior injecção de dinheiro público (700 mil milhões de dólares) no sistema financeiro desde a Grande Depressão da década de 30 teve por base convicções políticas, com muitos dos representantes que votaram "não" a justificarem-se com a falta de apoio dos cidadãos que os elegeram. O argumento é de que não querem utilizar o dinheiro dos contribuintes para resolver os problemas provocados por maus investimentos dos profissionais de Wall Street. Como resumiu à Lusa o economista Ricardo Reis, da Universidade de Columbia, "o espírito por detrás do plano é antimercado, anticapitalista e antiliberal". Já os representantes que votaram a favor do plano alertaram para o impacto da recusa em comprar os "activos tóxicos" espalhados pelo sistema financeiro mundial, aprofundando os danos que já chegaram à Europa. Ontem, vários bancos europeus tiveram de ser alvo de intervenções estatais, à imagem do que aconteceu nos EUA. O plano visava, precisamente, retirar dos balanços e das carteiras de investimento dos bancos os activos que tinham sido reduzidos a zero devido às falências no mercado de crédito de alto risco nos EUA (subprime). Os apoiantes do plano sublinharam também o risco que um eventual "efeito-dominó" de falências ou intervenções representa para as poupanças de milhões de norte-americanos (e não só) dada a consequente queda das bolsas, acentuada pelo pânico que, já ontem nos EUA, ganhou novos contornos de gravidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário