CELSO GUEDES DE CARVALHO, FAZ BALANÇO, DÁ ENTREVISTA E APRESENTA LOGOTIPO.
“Política não pode ser um jogo no escuro”
Celso Carvalho nunca foi mais do que militante de base em 14 anos de filiação socialista. Em Janeiro fundou o projecto online ‘Acreditar no Norte’ para mudar o rumo da distrital portuense. Um mês depois, o candidato não-candidato faz o primeiro balanço.
Que balanço faz após o primeiro mês do projecto ‘Acreditar no Norte’?
Muito positivo porque um dos objectivos iniciais era envolver militantes e sociedade civil, e isso foi conseguido. A percentagem terá sido de 70 para 30. Dezenas enviaram contributos, o site teve mais de 500 visitas, duas mil visualizações. Ficou comprovado que o projecto é válido e importante. Recebi mensagens de apoio e contributos concretos sobre os objectivos definidos: contribuir para o sucesso das estruturas locais, para o sucesso do PS Nacional, fazer do distrito do Porto um distrito competitivo e ter um projecto relevante para os cidadãos.
O que tem este projecto de diferente?
O próprio ponto de partida é diferente. Normalmente fala-se primeiro das pessoas e da liderança e só depois do que é que essas pessoas vão fazer. Este projecto nasceu exactamente ao contrário: primeiro o projecto, uma estratégia, ficam definidos os objectivos e os meios para atingi-los, e depois é que se fala nas pessoas que poderão ser as protagonistas. A discussão que tem sido colocada ao nível das câmaras é quem são os candidatos, proto-candidatos, a Elisa Ferreira ou o Nuno Cardoso, começa a falar-se de pessoas sem saber qual o projecto do PS.E nesta fase ainda é mais prematuro falar em nomes?O PS tem que ter uma estratégia para todo o distrito, para os 18 concelhos, e todos os candidatos às autárquicas têm que se comprometer com essa estratégia, que será o programa político para os próximos dois anos e também a sua agenda. A distrital não deve fazer o que lhe apetece, mas aquilo que defendem os militantes.
O Celso é candidato a líder da federação distrital?
A questão de avançar para uma candidatura tem lançado confusão. As eleições ainda não estão marcadas, aí sim será o momento para escolher as pessoas, com este projecto já numa fase mais adiantada e uma estratégia definida. Posso ficar de fora ou dentro. Tive que dar a cara pelo projecto, é sempre preciso alguém agregar a informação e lançar o debate.
É um projecto em ebulição para uma eventual candidatura?
Se estivesse a preparar uma candidatura a uma câmara estaria a fazer o meu programa. E só depois de fazer é que me apresentaria como candidato. Não faz sentido as pessoas olharem para o candidato e votarem nele na esperança que ele cumpra aquilo que as pessoas acham que ele irá fazer. A política não pode ser um jogo no escuro, tem que haver um programa definido, uma estratégia com acções concretas para ser implementado.
A quem vai entregar o projecto?
Até ao início de Março conto ter a moção e as soluções concluídas. Depois disso e de marcadas as eleições, está na altura de definir o responsável por apresentar a candidatura. Vamos ver quem vai mostrando disponibilidade e acarinhando este projecto. Estou convicto que no próximo mês vão aparecer mais pessoas e juntos formaremos uma comissão instaladora que irá definir [quem avança]. Um candidato sozinho não faz a diferença e não é um candidato que vai sozinho implementar este projecto.
Qual será o perfil desse candidato?
Tem que ter disponibilidade, conseguir agregar opiniões, resumir os contributos e saber ouvir. Do ponto de vista técnico, será alguém com ligação ao mundo real, com empresas, associações e sociedade civil. Alguém que é político a tempo inteiro, que só viva dentro da política exclusivamente, dificilmente conseguirá implementar este projecto.A democracia é um regime de avaliação dos resultados.
Num exercício democrático, como avalia o trabalho de Renato Sampaio na distrital?
Em relação àquilo que era definido como o seu programa político e o que está implementado até à data, deixa muito a desejar. Muito do que foi assumido como compromisso não foi feito. É uma equipa com pessoas oriundas da mesma área, políticos de profissão, com o mesmo nível e perfil de competências, o que sai dali é muito pouco e mais do mesmo. Se incluirmos nessa equipa profissionais que trabalham com empresas, elaboram estudos, professores universitários, que trazem para a política e para a federação a sua própria experiência profissional, assim consegue enriquecer-se o projecto. Começa a valorizar-se a competência técnica, mais do que o glamour de alguém por ser muito conhecido.
Pedro Baptista é o candidato já assumido e é professor universitário, como referiu antes.É um tipo de militante que é muito importante que o PS consiga cativar para dentro das suas estruturas e dos seus órgãos. Tem ideias interessantes e, sobretudo, valores de ética, republicanismo, ideias que muitas vezes ficam esquecidas no dia-a-dia. Tem dado um contributo positivo ao trazer esses valores para o debate público.
Diz que é “crescente a expectativa e a vontade de mudança” no PS/Porto. Que sinais tem sentido para o afirmar?
É só ler os jornais, é notório o desencanto, nas poucas pessoas que aderem às iniciativas do PS, na fraca mobilização. Não há novos programas, iniciativas para o distrito, o PS não consegue alavancar o debate e as soluções para aquilo que são os problemas do distrito
.O que é que tem que ter o PS/Porto para ser um exemplo para o PS nacional, como defende?
Se a nível distrital conseguirmos fazer do Porto um distrito mais competitivo e se o PS conseguir liderar este projecto, irá melhorar a performance do partido a nível nacional, vai-nos permitir ganhar mais eleições, vamos ter mais militantes, conseguiremos que o PS nacional e as outras distritais adoptem as nossas práticas. Se o PS quer ganhar as eleições em 2009, qual o contributo que o PS/Porto vai dar para essa vitória? Não ouvi ninguém falar disto e é importante que fique definido.
Tem sido correcto o método de escolha dos deputados à Assembleia da República?Não. Primeiro não há critérios definidos e isso é péssimo. E é também mais difícil avaliar a sua prestação. Alguns dizem que é por serem presidentes de concelhias ou núcleos ou porque já foram deputados anteriormente, mas nem isso. Não há nenhum critério, é estranho mas é a realidade. Dentro da distrital podemos definir que a escolha dos deputados passa a ser feita através de eleição interna.
Como se faz gestão política? Concorda com Paula Esteves que diz que tem sido uma actividade secreta e de distribuição de honrarias?
Há bons e maus exemplos. Chegou o momento de trazer a sociedade civil para dentro dos partidos, e digo-o com ar de urgência porque os sinais são por demais evidentes e pasmo como é que os partidos ainda não acordaram para esta realidade. Basta analisar o que se passou nas presidenciais com Manuel Alegre, em Lisboa em que dois candidatos [Helena Roseta e Carmona Rodrigues] tiveram uma votação massiva, ou com os movimentos de cidadãos nas autárquicas. Se nada for feito rapidamente, nas próximas autárquicas estes movimentos podem ficar à frente dos partidos políticos em muitas freguesias e concelhos. Seria uma crise muito grave porque alguns partidos movem-se numa lógica de poder, e o vazio de poder resultaria no vazio do próprio projecto político, como tem acontecido com o PSD nos últimos anos.
Quem é?Celso Guedes de Carvalho, 36 anos, é militante do PS desde 1994. Casado, nasceu em Leça da Palmeira (Matosinhos), mas já morou um pouco por todo o distrito. Licenciado em Gestão de Marketing pelo IPAM, é actualmente consultor de empresas, após trabalhar como gestor comercial e de marketing. Foi presidente da associação de estudantes e conselheiro no Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior. Diz que escolheu o PS por convicções, entrou para a política por inconformismo e continua nela por querer dar o seu contributo para a mudança.Fonte: O Primeiro de Janeiro, 18 de Fevereiro de 2008
3 comentários:
O PS/PORTO está a mexer e bem.
Celso Carvalho e Pedro Baptista apresentam-se com ideias e com alternativas sérias.
O Porto pode e deve mudar.
Os partidos políticos têm uma grande oportunidade e não a vão perder.
Ou se modernizam ou morrem.
A Democracia sai fortalecida com a participação de todos: militantes partidarias e cidadãos.
Ter ideias não é CRIME.
Exigir clareza e rigor é uma obrigação e um dever sagrado.
Parabéns a Pedro Baptista e Celso Carvalho.
Agora é exigir já que o PS Nacional se defina e marque o acto eleitoral. Jogar na omissão não serve o País nem o Partido.
O mandato está a terminar e as eleições para as Federações já deviam estar marcadas.
Aproveito a minha visita para saudar o autor e todos os que fazem parte do projecto Acreditar no Norte. É um projecto que está a ser feito com princípio, meio e fim.
Aqui procura-se discutir ideias e contributos e não quais as pessoas que protagonizar uma candidatura.
Continuem o bom trabalho.
Quem disse que ainda era cedo?
Temos gente e temos ideias para a alternativa.
Ouçam os militantes e os eleitores.
Não percam mais tempo.
Como diz Carlos Pinto chegou a hora de mudar.
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