O JN FAZ 120 ANOS.- OS NOSSOS PARABÉNS
Feliz aniversário!
Elisa, Ferreira, Eurodeputada
O"Jornal de Notícias" iniciou, na última sexta-feira, a comemoração dos seus 120 anos com um evento digno de nota - uma grande conferência sobre "A Europa e as regiões". Nada melhor do que a edição de ontem para apreender o interesse dos debates, o contributo de membros do Governo e do presidente da Comissão Europeia e a qualidade dos participantes.
No fim da manhã de trabalhos, três conclusões me eram claras, confirmando percepções já amplamente partilhadas
- a situação económica e social do Norte é grave, demasiado grave para não ser assumida como a principal ou uma das principais preocupações do país;
- nesse contexto, a decisão que teremos proximamente de tomar a propósito da regionalização ganha uma premência excepcional, não por ser uma mezinha salvadora mas porque o centralismo é hoje um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento regional;
- por último, a gravidade e seriedade do problema e do debate são tais que mereceram ser colocados no centro de uma comemoração tão simbólica na vida do diário de maior audiência nacional.
Não me proponho hoje, à semelhança do que tenho feito noutros artigos, contribuir para o debate substantivo da questão regional. Tratarei tão-só de valorizar este último facto visto ele ser, em si mesmo, revelador.
Com efeito, o JN não é um jornal qualquer ao contrário de muitos dos seus contemporâneos, a longevidade não lhe trouxe decrepitude. Pelo contrário, ao longo das décadas, o JN reforçou a sua vitalidade e soube responder à mudança dos tempos, dos gostos e dos ritmos de vida dos cidadãos, tendo-se tornado, sem se deixar cair no sensacionalismo fácil, no líder de mercado que é. Por outro lado, numa região a passar por um momento menos bom, sabe particularmente bem reconhecer que é possível, a partir de uma fortíssima inserção e fidelização de leitores (sobretudo do Norte do país), construir uma afirmação nacional. O JN, como o vinho do Porto e o Douro Património Mundial, a Fundação de Serralves e a Casa da Música, a indústria da moda e o Futebol Clube do Porto; ou nomes da arquitectura, da ciência, da cultura ou da economia como, entre outros, Álvaro Siza Vieira ou Eduardo Souto de Moura, Sobrinho Simões ou Alexandre Quintanilha, Manuel de Oliveira ou Júlio Resende, Belmiro de Azevedo ou Américo Amorim. Sublinho: produtos e gentes "locais" a projectar-se no país e, frequentemente, no estrangeiro.
O JN já acompanhou muitos eventos! Mesmo a Europa que hoje conhecemos é uma jovem experiência ao seu lado. Quando o JN nasceu, vários países membros da actual União diluíam-se nos impérios otomano e austro-húngaro, a Alemanha tinha surgido como estado-nação há pouco mais de uma década, a Noruega e a Suécia estavam unificadas e a Bélgica tinha, enquanto país, uns meros 58 anos de vida; em Portugal, preparava-se o mapa cor-de-rosa e a escravidão no Brasil era abolida pela Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel; a Torre Eiffel estava em construção e os dois tabuleiros da Ponte D. Luís tinham acabado de ser inaugurados; Eça de Queirós publicava "Os Maias" e nascia Fernando Pessoa. Seguiram-se guerras, revoluções, crises e sucessos, debates e contestações; e o JN estava lá!
O JN já não é apenas um jornal; transformou-se numa instituição relevante, activa e interventora, polémica mas nunca descartável na sociedade local, regional e nacional. A sua postura, evitando o discurso elitista mas também o populista, situa-o num espaço que toca e é tocado pelas preocupações do cidadão comum. Hoje, no centro das preocupações de muitos leitores do JN está a busca de soluções que lhes permitam inverter a tendência depressiva mais instalada, estranhamente ou não, na região do que no país; querem contrariar o desemprego, voltar a ganhar a competitividade, recuperar o dinamismo, o brio e o amor ao sucesso que tradicionalmente os (nos) caracterizam.
Do alto da sua venerável experiência, o JN seleccionou o tema "A Europa e as Regiões" para a sua comemoração. Pessoalmente, penso, tal como o JN, que a escolha é oportuna, sobretudo quando o tema não é preferencialmente abordado em sentido teórico mas antes em busca de respostas qualificadas às angústias dos cidadãos, provocando, participando e informando, sem fingidas neutralidades, as diversas vertentes do debate que urge. Uma atitude que já tardava e que, naturalmente, saúdo.
Por último, é altura de agradecer também aos responsáveis e colaboradores do JN por terem conseguido fazer dele aquilo que ele é um agente atento, interventivo, próximo dos cidadãos e que, sendo um grande jornal nacional, não deixa de ser o que sempre foi: um jornal do Norte! Parabéns
e longa vida ao JN!
Elisa Ferreira escreve no JN, semanalmente, aos domingos
(IN jn DE HOJE)
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