PEDRO BAPTISTA TOMA POSIÇÃO SOBRE O BLOCO CENTRAL, A JOGADA DE MARCELO E O SILÊNCIO DO PS
A encruzilhada do Partido Socialista
Por Pedro Baptista
É claro que, se o Partido Socialista não tivesse ficado a matutar, com progressivo fascínio, nas palavras pensadas e medidas do Marcelo Rebelo de Sousa, já tinha tido a iniciativa de rechaçar qualquer ideia de governo de bloco central. Mas, pelo contrário, assistimos a governantes como Manuel Pinho a criarem um cenário semelhante ao dos tempos da crise com o FMI que justificou o governo do bloco central, dando a entender que tanto no governo como na direcção do Partido Socialista há pessoas que não querem descartar tal hipótese fatídica. E será fatídica porque o país precisa de mais esquerda e não de mais direita. Donde uma evolução do PS, por via do governo e da sua direcção no sentido da seta ainda mais para a direita, levará necessariamente a uma divisão dentro do PS de consequências imprevisíveis.
Defendemos de resto, de forma clara e reiterada, para as próximas autárquicas, a possibilidade para todos as autarquias onde os respectivos órgãos partidários assim o entendam, de coligações à esquerda, com incidência sobretudo nas AM de Lisboa e do Porto, e com um alvo bem definido para a Câmara Municipal do Porto, onde a aopção poderá ser a diferença entre a vitória e a derrota. Sugerimos que um bom método para unir o Partido em torno de uma decisão destas, seja ela ser tomada pela maioria dos militantes, ou seja em referendo interno.
Mas os militantes do Partido Socialista e os seus órgãos não podem enjeitar desde já uma reflexão para o futuro legislativo que se aproxima, pondo como um dos cenários em cima da mesa a possibilidade de o PS ser o partido mais votado mas sem maioria absoluta, até porque é previsível alguma subida do PSD e não parece que o somatório do BE e PCP desça abaixo dos 21%, o maior "score" de sempre naquela área, sabendo-se bem de quem é a responsabilidade.
Nesse caso, podendo não se colocar a questão de qualquer coligação pré-eleitoral, coloca-se a questão: com que maioria parlamentar, mesmo que pontual, governar? Não há quaisquer condições para a repetição das experiências de 95 a 98, até porque desta feita os líderes dos dois partidos não frequentarão o mesmo confessionário. Parece, pois, aproximarem-se momentos decisivos de clarificação política dentro do Partido Socialista, depois dos equívocos gerados nos últimos três anos.
O que não deixa de ser caricato é ser o PSD a enjeitar qualquer Bloco Central sob o silêncio dum Partido Socialista, em que por parte do Governo até se procura criar um cenário "objectivo" de crise favorável. Precisaríamos de blocos centrais para todo o mundo. Sabendo-se que, na nossa posição, qualquer evolução do Partido Socialista ainda mais para a direita, formando um bloco central de interesses de poder, terá ultrapassado tudo. Nem nos interessará estarmos nessa, nem o povo português o permitirá.
Publicada por Pedro Baptista
Por Pedro Baptista
É claro que, se o Partido Socialista não tivesse ficado a matutar, com progressivo fascínio, nas palavras pensadas e medidas do Marcelo Rebelo de Sousa, já tinha tido a iniciativa de rechaçar qualquer ideia de governo de bloco central. Mas, pelo contrário, assistimos a governantes como Manuel Pinho a criarem um cenário semelhante ao dos tempos da crise com o FMI que justificou o governo do bloco central, dando a entender que tanto no governo como na direcção do Partido Socialista há pessoas que não querem descartar tal hipótese fatídica. E será fatídica porque o país precisa de mais esquerda e não de mais direita. Donde uma evolução do PS, por via do governo e da sua direcção no sentido da seta ainda mais para a direita, levará necessariamente a uma divisão dentro do PS de consequências imprevisíveis.
Defendemos de resto, de forma clara e reiterada, para as próximas autárquicas, a possibilidade para todos as autarquias onde os respectivos órgãos partidários assim o entendam, de coligações à esquerda, com incidência sobretudo nas AM de Lisboa e do Porto, e com um alvo bem definido para a Câmara Municipal do Porto, onde a aopção poderá ser a diferença entre a vitória e a derrota. Sugerimos que um bom método para unir o Partido em torno de uma decisão destas, seja ela ser tomada pela maioria dos militantes, ou seja em referendo interno.
Mas os militantes do Partido Socialista e os seus órgãos não podem enjeitar desde já uma reflexão para o futuro legislativo que se aproxima, pondo como um dos cenários em cima da mesa a possibilidade de o PS ser o partido mais votado mas sem maioria absoluta, até porque é previsível alguma subida do PSD e não parece que o somatório do BE e PCP desça abaixo dos 21%, o maior "score" de sempre naquela área, sabendo-se bem de quem é a responsabilidade.
Nesse caso, podendo não se colocar a questão de qualquer coligação pré-eleitoral, coloca-se a questão: com que maioria parlamentar, mesmo que pontual, governar? Não há quaisquer condições para a repetição das experiências de 95 a 98, até porque desta feita os líderes dos dois partidos não frequentarão o mesmo confessionário. Parece, pois, aproximarem-se momentos decisivos de clarificação política dentro do Partido Socialista, depois dos equívocos gerados nos últimos três anos.
O que não deixa de ser caricato é ser o PSD a enjeitar qualquer Bloco Central sob o silêncio dum Partido Socialista, em que por parte do Governo até se procura criar um cenário "objectivo" de crise favorável. Precisaríamos de blocos centrais para todo o mundo. Sabendo-se que, na nossa posição, qualquer evolução do Partido Socialista ainda mais para a direita, formando um bloco central de interesses de poder, terá ultrapassado tudo. Nem nos interessará estarmos nessa, nem o povo português o permitirá.
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