ANTÓNIO ARNAUT E O SNS-BOAS PALAVRAS- (PÚBLICO)
Pai do Serviço Nacional de Saúde
António Arnaut: "Há quem espere receber o cadáver do SNS, mas este vai sobreviver"
Lusa/pUBLICO
O antigo ministro socialista e "pai" do Serviço Nacional de Saúde, António Arnaut, manifestou-se hoje convicto de que o SNS sobreviverá apesar de "haver muita gente à espera de receber o seu cadáver".Falando num encontro da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, o antigo ministro dos Assuntos Sociais, que criou o Serviço Nacional de Saúde (SNS), manifestou-se preocupado "com os ataques" de que é alvo o sistema público de saúde, mas esperançado de que os cidadãos não abrirão mão de um direito adquirido e essencial para o exercício de uma cidadania plena. "Se os grandes grupos económicos estão a investir na saúde é porque sabem que dentro de pouco tempo está tudo desmantelado, e o Serviço Nacional de Saúde ficará para os coitadinhos. Estou muito preocupado com o avanço do neoliberalismo e com a capacidade de intervenção das grandes companhias majestáticas, como nunca antes", observou. António Arnaut recordou que "há 20 anos o SNS cobria 90 por cento da população, e o resto era a ADSE e pouco mais", acrescentando que hoje "há cerca de dois milhões de apólices de seguros, porque as empresas obrigam os seus trabalhadores a fazê-las". "Há uma fuga dos recursos humanos do SNS para o sector privado", referiu, acusando o antigo ministro da Saúde, Correia de Campos, da "destruição das carreiras médicas", possibilitando os contratos individuais. Na sua perspectiva, tem havido "medidas que visam destruir o SNS para o deixar de forma residual para os coitadinhos". "O Serviço Nacional de Saúde é uma conquista de Abril, um serviço universal, geral e gratuito" ou tendencialmente gratuito, recordou. Para António Arnaut, este princípio, além da força ética que comporta, tem uma força jurídico-constitucional muito grande, pois será necessária uma concertação de dois terços dos deputados da Assembleia para o retirar da Constituição da República Portuguesa pela revisão do artigo 64º. "No dia em que o PS o faça eu saio do Partido Socialista, do qual sou um dos fundadores", prometeu, embora tenha a esperança de que isso não irá acontecer porque o SNS sobreviverá. Essa esperança radica, quer na reacção do primeiro-ministro ao substituir Correia de Campos como ministro da Saúde porque os cidadãos "tinham perdido a confiança no SNS", quer pela "sublevação popular", que constituíram as reacções às medidas que estavam a ser introduzidas. "Há hoje uma consciência cívica que pode impedir o Governo de restringir os direitos conquistados. Por isso estou optimista. É difícil que um direito conquistado seja retirado", sublinhou, frisando que numa sociedade em que a pobreza aumenta só o Estado poderá garantir a igualdade de acesso à saúde, um direito que radica na ideia de dignidade da pessoa humana. A intervenção de António Arnaut enquadrou-se num encontro realizado durante o dia de hoje pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, intitulado "Gerir em Tempos de Mudança".
António Arnaut: "Há quem espere receber o cadáver do SNS, mas este vai sobreviver"
Lusa/pUBLICO
O antigo ministro socialista e "pai" do Serviço Nacional de Saúde, António Arnaut, manifestou-se hoje convicto de que o SNS sobreviverá apesar de "haver muita gente à espera de receber o seu cadáver".Falando num encontro da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, o antigo ministro dos Assuntos Sociais, que criou o Serviço Nacional de Saúde (SNS), manifestou-se preocupado "com os ataques" de que é alvo o sistema público de saúde, mas esperançado de que os cidadãos não abrirão mão de um direito adquirido e essencial para o exercício de uma cidadania plena. "Se os grandes grupos económicos estão a investir na saúde é porque sabem que dentro de pouco tempo está tudo desmantelado, e o Serviço Nacional de Saúde ficará para os coitadinhos. Estou muito preocupado com o avanço do neoliberalismo e com a capacidade de intervenção das grandes companhias majestáticas, como nunca antes", observou. António Arnaut recordou que "há 20 anos o SNS cobria 90 por cento da população, e o resto era a ADSE e pouco mais", acrescentando que hoje "há cerca de dois milhões de apólices de seguros, porque as empresas obrigam os seus trabalhadores a fazê-las". "Há uma fuga dos recursos humanos do SNS para o sector privado", referiu, acusando o antigo ministro da Saúde, Correia de Campos, da "destruição das carreiras médicas", possibilitando os contratos individuais. Na sua perspectiva, tem havido "medidas que visam destruir o SNS para o deixar de forma residual para os coitadinhos". "O Serviço Nacional de Saúde é uma conquista de Abril, um serviço universal, geral e gratuito" ou tendencialmente gratuito, recordou. Para António Arnaut, este princípio, além da força ética que comporta, tem uma força jurídico-constitucional muito grande, pois será necessária uma concertação de dois terços dos deputados da Assembleia para o retirar da Constituição da República Portuguesa pela revisão do artigo 64º. "No dia em que o PS o faça eu saio do Partido Socialista, do qual sou um dos fundadores", prometeu, embora tenha a esperança de que isso não irá acontecer porque o SNS sobreviverá. Essa esperança radica, quer na reacção do primeiro-ministro ao substituir Correia de Campos como ministro da Saúde porque os cidadãos "tinham perdido a confiança no SNS", quer pela "sublevação popular", que constituíram as reacções às medidas que estavam a ser introduzidas. "Há hoje uma consciência cívica que pode impedir o Governo de restringir os direitos conquistados. Por isso estou optimista. É difícil que um direito conquistado seja retirado", sublinhou, frisando que numa sociedade em que a pobreza aumenta só o Estado poderá garantir a igualdade de acesso à saúde, um direito que radica na ideia de dignidade da pessoa humana. A intervenção de António Arnaut enquadrou-se num encontro realizado durante o dia de hoje pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, intitulado "Gerir em Tempos de Mudança".
3 comentários:
Saudo o camarada e amigo Dr. António Arnaut pela coragem e pela clareza das afirmações.
Nós não vamos eixar que destruam o SNS e outras coisas.
Como diz Vasco Lourenço, não foi para isto que se fez o 25 de Abril.
Eu sou da esquerda democrática e de um PS moderno e solidário. Recuso o centrão e a esquerda moderna.
Sou socialista do PS até vêr.
Mas não está sózinho amigo Arnaut. Há muitos mais que não estão a gostar deste socialismo neoliberal.
No título era para ter saído Carlos Pinto.
Nada de confusões.
As palavras de António Arnault, são como as de UM PAI que vê o seu FILHO moribundo...
É evidente que ele não está sozinho...mas isto só lá vai com acções concretas dentro do PS...
Os sinais que estão na Agenda Politica, quer através de Mário Soares quer Manuel Alegre dão-nos essa esperança...
Aguardemos...
Nota:
Era o que faltava ...Carlos...entregar agora o cartão!!!???
Nota Final:
E depois venham queixar-se que a Esquerda do PS fugiu...
Saudações de esquerda
Olhar atento*militante de esquerda
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