25 de ABRIL SEMPRE
O PRINCÍPIO DO FIM
Conspirações, revoltas
nunca deixou de haver no Portugal torturado pela ditadura. Também não deixou de haver centenas, milhares, de presos políticos, deportados e de exilados. A resistência republicana portuguesa começou no dia 1 de Junho e só findou com o 25 de Abril de 1974.
Nesse mesmo ano em que se inaugurava o campo do Tarrafal, era criada a milícia fascista da Legião Portuguesa e a Mocidade Portuguesa, à semelhança dos balilas Italianos. Mas também se regista a revolta de marinheiros que se querem solidarizar com a República Espanhola esganada.
O MUD deu azo a muitas repressões, exílios, demissões.
A comissão central era constituída pelos Drs. José de Magalhães Godinho, Teófilo Carvalho dos Santos, Armando Adão e Silva, Gustavo Soromenho, Afonso Costa (filho) entre outros. Pode dizer-se que este movimento constituiu uma viragem na oposição. No ano seguinte constituir-se-ia a Comissão Central do MUD juvenil, com Mário Soares, Francisco Salgado Zenha, Júlio Pomar, Rui Grácio, Mário Sacramento e Octávio Pato.
Pode dizer-se que o MUD foi uma autêntica viragem ao regime de Salazar, a despeito da censura que nunca deixou de existir. Se a repressão continuou, pode bem dizer-se que o povo não voltou a ser o mesmo. Grande parte do medo fora-se embora.
A candidatura de Norton de Matos
à presidência da República, para a eleição de 1949, funciona quase todo o ano de 1948 na Travessa da Bela Vista à Lapa. Sem renunciar à actividade conspiratória, os democratas punham-se no terreno da legalidade; mas pode lá haver legalidade desigual para homens do Governo e homens da oposição, com presos sem culpa formada e campos de concentração! O velho General de oitenta e dois anos demonstrou uma coragem e frontalidade raras. Mas o adversário não tinha lealdade. O momento em que o rodízio é tanto de homens de ontem como dos de hoje, se quiséssemos marcá-lo num acontecimento talvez fosse o da candidatura à presidência da República de Norton de Matos.
O caso do Bispo do Porto,
impedido de entrar em Portugal, em 1959 e condenado ao exílio, diante do silêncio complacente da Igreja, não era o primeiro atentado contra os eclesiásticos e a Igreja, com a conivência desta.
Mas a Igreja, que tanto reclamara na República, agora era conivente com a tirania, ainda quando as vítimas eram gente da Igreja. Mais política do que religiosa, agora como na República, como na Monarquia, ficou muda mesmo quando amputada.
D. António Ferreira Gomes, só regressará a Portugal em 8 de Junho de 1969, depois de quase 10 anos exílio. As colónias agitam-se e a política colonialista da ditadura, conforme ao Acto Colonial, encontra pela frente a oposição democrática. Em 1954 o engenheiro Cunha Leal propõe a independência para Goa, enquanto Salazar continua inamovível, tão ditador em Goa e em Luanda como em Lisboa. Não admite nem a evolução dos povos. «É da essência orgânica da Nação Portuguesa desempenhar a função histórica de possuir domínios ultramarinos e de civilizar as populações indígenas que nelas se compreendam, exercendo também a influência moral que lhe é adstrita pelo Padroado do Oriente».
Cortam-se relações com a Índia.
Humberto Delgado e Henrique Galvão, dois dos alferes do 28 de Maio, despegam-se da ditadura e, em 1958, a candidatura de Delgado à presidência da República cria uma
agitação a que ninguém permanece indiferente, nem há censura capaz de abafar. Galvão foge do hospital em que estava preso e refugia-se na Embaixada da Argentina e Delgado na do Brasil. O problema português Internacionaliza-se. A guerra colonial trava-se em África e em Goa e as tropas portuguesas não resistiriam até à morte, como Salazar queria.
Marcelo Caetano, que, em 1962, se mostrara favorável, em parecer jurídico, a uma comunidade de nações independentes, continua a guerra colonial e a policia política prossegue na sua faina de prender gente e a censura muito diligente e atenta, na tarefa de cortar de notícias, mondar artigos e apreender livros. A onda dos exilados continua a crescer, a dos presos políticos não diminui.
Naturalmente a Revolução
tinha de vir e veio. Nem encontrou resistência, de tal forma estava gasto o aparelho do Estado totalitário.
A revolução foi quase só militar, ao contrário do 5 de outubro, que foi sobretudo feita por civis; mas o 25 de Abril encontrou ainda menos resistência do que a República e não teve as centenas de mortos e feridos de 1910.
A tirania também se gasta, se usa e se desacredita, ainda junto daqueles que a servem. Os problemas do imobilismo de quarenta e oito anos foram grandes e parece que ainda se quer manter. Há que ter memória... pois a liberdade é, após a saúde o mais precioso bem e a maior conquista que tivemos no campo das humanidades, por isso há que preserva-la.
Obrigado Capitães de Abril
Obrigado a todos os combatentes pela liberdade e pela democracia
Obrigado Raul Rego, pelo manuscrito donde retirei algumas passagens da história que viria a fazer história.
Para todos uma saudação muito especial
Viva o 25 de Abril sempre
Coelho dos Santos
Conspirações, revoltas
nunca deixou de haver no Portugal torturado pela ditadura. Também não deixou de haver centenas, milhares, de presos políticos, deportados e de exilados. A resistência republicana portuguesa começou no dia 1 de Junho e só findou com o 25 de Abril de 1974.
Nesse mesmo ano em que se inaugurava o campo do Tarrafal, era criada a milícia fascista da Legião Portuguesa e a Mocidade Portuguesa, à semelhança dos balilas Italianos. Mas também se regista a revolta de marinheiros que se querem solidarizar com a República Espanhola esganada.
O MUD deu azo a muitas repressões, exílios, demissões.
A comissão central era constituída pelos Drs. José de Magalhães Godinho, Teófilo Carvalho dos Santos, Armando Adão e Silva, Gustavo Soromenho, Afonso Costa (filho) entre outros. Pode dizer-se que este movimento constituiu uma viragem na oposição. No ano seguinte constituir-se-ia a Comissão Central do MUD juvenil, com Mário Soares, Francisco Salgado Zenha, Júlio Pomar, Rui Grácio, Mário Sacramento e Octávio Pato.
Pode dizer-se que o MUD foi uma autêntica viragem ao regime de Salazar, a despeito da censura que nunca deixou de existir. Se a repressão continuou, pode bem dizer-se que o povo não voltou a ser o mesmo. Grande parte do medo fora-se embora.
A candidatura de Norton de Matos
à presidência da República, para a eleição de 1949, funciona quase todo o ano de 1948 na Travessa da Bela Vista à Lapa. Sem renunciar à actividade conspiratória, os democratas punham-se no terreno da legalidade; mas pode lá haver legalidade desigual para homens do Governo e homens da oposição, com presos sem culpa formada e campos de concentração! O velho General de oitenta e dois anos demonstrou uma coragem e frontalidade raras. Mas o adversário não tinha lealdade. O momento em que o rodízio é tanto de homens de ontem como dos de hoje, se quiséssemos marcá-lo num acontecimento talvez fosse o da candidatura à presidência da República de Norton de Matos.
O caso do Bispo do Porto,
impedido de entrar em Portugal, em 1959 e condenado ao exílio, diante do silêncio complacente da Igreja, não era o primeiro atentado contra os eclesiásticos e a Igreja, com a conivência desta.
Mas a Igreja, que tanto reclamara na República, agora era conivente com a tirania, ainda quando as vítimas eram gente da Igreja. Mais política do que religiosa, agora como na República, como na Monarquia, ficou muda mesmo quando amputada.
D. António Ferreira Gomes, só regressará a Portugal em 8 de Junho de 1969, depois de quase 10 anos exílio. As colónias agitam-se e a política colonialista da ditadura, conforme ao Acto Colonial, encontra pela frente a oposição democrática. Em 1954 o engenheiro Cunha Leal propõe a independência para Goa, enquanto Salazar continua inamovível, tão ditador em Goa e em Luanda como em Lisboa. Não admite nem a evolução dos povos. «É da essência orgânica da Nação Portuguesa desempenhar a função histórica de possuir domínios ultramarinos e de civilizar as populações indígenas que nelas se compreendam, exercendo também a influência moral que lhe é adstrita pelo Padroado do Oriente».
Cortam-se relações com a Índia.
Humberto Delgado e Henrique Galvão, dois dos alferes do 28 de Maio, despegam-se da ditadura e, em 1958, a candidatura de Delgado à presidência da República cria uma
agitação a que ninguém permanece indiferente, nem há censura capaz de abafar. Galvão foge do hospital em que estava preso e refugia-se na Embaixada da Argentina e Delgado na do Brasil. O problema português Internacionaliza-se. A guerra colonial trava-se em África e em Goa e as tropas portuguesas não resistiriam até à morte, como Salazar queria.
Marcelo Caetano, que, em 1962, se mostrara favorável, em parecer jurídico, a uma comunidade de nações independentes, continua a guerra colonial e a policia política prossegue na sua faina de prender gente e a censura muito diligente e atenta, na tarefa de cortar de notícias, mondar artigos e apreender livros. A onda dos exilados continua a crescer, a dos presos políticos não diminui.
Naturalmente a Revolução
tinha de vir e veio. Nem encontrou resistência, de tal forma estava gasto o aparelho do Estado totalitário.
A revolução foi quase só militar, ao contrário do 5 de outubro, que foi sobretudo feita por civis; mas o 25 de Abril encontrou ainda menos resistência do que a República e não teve as centenas de mortos e feridos de 1910.
A tirania também se gasta, se usa e se desacredita, ainda junto daqueles que a servem. Os problemas do imobilismo de quarenta e oito anos foram grandes e parece que ainda se quer manter. Há que ter memória... pois a liberdade é, após a saúde o mais precioso bem e a maior conquista que tivemos no campo das humanidades, por isso há que preserva-la.
Obrigado Capitães de Abril
Obrigado a todos os combatentes pela liberdade e pela democracia
Obrigado Raul Rego, pelo manuscrito donde retirei algumas passagens da história que viria a fazer história.
Para todos uma saudação muito especial
Viva o 25 de Abril sempre
Coelho dos Santos
4 comentários:
Falta acrescentar à interessante e oportuna narrativa do caro Coelho dos santos que hoje, infelizmente, a igualdade, a fraternidade e a solidariedade são para alguns socialistas, valores sem significado,
mas para os que lutaram e ainda acreditam no 25 de Abril, dificilmente alguém lhes retirará o direito à indignação.
Solidariedade no PS e na política portuguesa?
Basta olhar para o recente caso de Ferro Rodrigues que um dia será esclarecido.
Mas a luta continua meu caro Josant.
Só é vencido quem deixa de lutar.
Já vi cair o Muro de Berlim, o fascismo em Portugal e a URSS.Mas tenho esperança que hei-de vêr um PS de esquerda e socialista, a lutar por uma sociedade nova, onde o capital terá lugar, mas que não se sobreporá à política e às pessoas.
O que hoje se passa no Mundo é a vergonha dos políticos com responsabilidades governativas.
Não tenhamos medo de o afirmar alto e bom som.Quando não nos quiserem no PS, mandem-nos para a Comissão de Jurisdição e depois se verá.Haverá muita gente que nao dormirá descansada.
Meu caro Carlos Pinto.
- É, quando se põe o dedo na ferida, que a dor, se espalha.
- Não é um qualquer, que me retira de onde quero estar.
- Não será uma qualquer comissão, que terá o privilégio de me julgar.
C/ um abraço solidário.
Parabens Caro Coelho dos Santos...
Gostei de "reviver" pelo seu manucristo...sobretudo, o caso de D. António Ferreira Gomes e a candidatura do General Humberto Delgado...
Espero MAIS...MUITO MAIS...
PARA QUE NÃO NOS APAGUEM A MEMÓRIA...
O PRIMO, (mais Novo suponho...) está AFLITO...atenda o telefone!!!
Saudações de esquerda
Olhar atento*militante de esquerda
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