A DISCUSSÃO VAI CONTINUAR
Debate a sério?
Bernardino Guimarães, Ambientalista1) Seja "Avenida", "Alameda" ou "Via" Nun' Álvares - já lhe ouvi chamar estes nomes e outros - o atravessamento rodoviário de Nevogilde, entre a Praça do Império e a Avenida da Boavista, merece atenção. E suscita perguntas, mais do que opiniões definitivas.Trata-se de uma artéria constante de todos os planos urbanísticos do Porto, mas quer o traçado quer a finalidade da mesma têm variado conforme as ocasiões e os autarcas. Hoje, há projecto (provisório, diz-nos o vereador do Urbanismo) e há até engenharia financeira concebida para financiar a obra.Logo aqui, surgem as primeiras interrogações por vezes, é preciso encontrar formas expeditas para fazer obra, dadas as dificuldades financeiras do Município. Mas será bom trocar construção massiva (fala-se em milhares de fogos) por uma estrada? Que fado aziago leva tudo sempre ao mesmo destino - a construção? Para quê? Para quem? Parece, no mínimo, contraditório com o critério, tão ciosamente guardado pela Câmara, de favorecer a reocupação da Baixa. Em qualquer caso, Nevogilde ganhará com isto uma estrada com seis faixas e muitos prédios para animar o sector imobiliário.Perde o quê? Para que haja resposta a esta pergunta, é preciso formular outras (nunca o leitor terá visto tanto ponto de interrogação numa só crónica) quem garante que esta "Avenida" - por cá as avenidas acabam sempre por ser vias rápidas - termina no "remate" da Boavista? Está o projecto de atravessamento do Parque da Cidade definitivamente posto de parte? E, já agora, que diz o actual PDM sobre a Estrutura Ecológica Municipal daquela zona? Que sucederá à ribeira de Nevogilde e suas margens? Que zonas verdes haverá que não sejam só a "flor no chapéu" da avalancha imobiliária? Por que não dar prioridade ao transporte público na nova via, seja com metro ou com eléctrico?Perguntas, sim. Até para nos afastarmos da polémica sobre a "largura" da coisa, problema pertinente, mas para tratar depois de definidos os critérios, a concepção de cidade se quiserem, a que obedecerá o projecto. Em todo o caso, ninguém ignora que tanto asfalto como o anunciado não configura propriamente uma via amigável para os peões, nem uma aprazível mais-valia paisagística para os campos de Nevogilde, mesmo com árvores e a ciclovia - esse inevitável pormenor que tantas vezes procura apenas decorar o absoluto domínio dos automóveis!Uma última pergunta que debate vamos ter sobre este assunto? A confiar no autarca responsável, será profundo e profícuo. Esperemos que sim. Que não decorra em período de férias e que exceda, se possível, os apertados limites legais. Um debate a sério, sobre princípios e ideias e não asfixiado à partida pelo "burocratês" dos peritos habituais. Veremos.
2) Lembram-se os leitores da anunciada central de energia das ondas do mar, no molhe norte da barra do Douro, em construção? Foi dito que seria um equipamento inovador, capaz de produzir electricidade equivalente ao necessário para 600 famílias. E, como protótipo, lançaria o Porto no mapa de uma tecnologia limpa e prometedora. Pois bem, parece que fica sem efeito. Ao que se diz, falta que o Ministério das Obras Públicas dê ao projecto o aval definitivo. Ao escrever estas linhas, não sei se haverá já um desfecho para esta história. A falta de empenho governamental levará a que o molhe seja concluído sem energia das ondas para ninguém. O que seria lamentável e espantoso, até porque as obras de construção dos molhes poderiam assim exibir alguma vantagem ambiental e de sustentabilidade, ao menos como compensação de outros males!blguimaraes@hotmail.com
Bernardino Guimarães, Ambientalista1) Seja "Avenida", "Alameda" ou "Via" Nun' Álvares - já lhe ouvi chamar estes nomes e outros - o atravessamento rodoviário de Nevogilde, entre a Praça do Império e a Avenida da Boavista, merece atenção. E suscita perguntas, mais do que opiniões definitivas.Trata-se de uma artéria constante de todos os planos urbanísticos do Porto, mas quer o traçado quer a finalidade da mesma têm variado conforme as ocasiões e os autarcas. Hoje, há projecto (provisório, diz-nos o vereador do Urbanismo) e há até engenharia financeira concebida para financiar a obra.Logo aqui, surgem as primeiras interrogações por vezes, é preciso encontrar formas expeditas para fazer obra, dadas as dificuldades financeiras do Município. Mas será bom trocar construção massiva (fala-se em milhares de fogos) por uma estrada? Que fado aziago leva tudo sempre ao mesmo destino - a construção? Para quê? Para quem? Parece, no mínimo, contraditório com o critério, tão ciosamente guardado pela Câmara, de favorecer a reocupação da Baixa. Em qualquer caso, Nevogilde ganhará com isto uma estrada com seis faixas e muitos prédios para animar o sector imobiliário.Perde o quê? Para que haja resposta a esta pergunta, é preciso formular outras (nunca o leitor terá visto tanto ponto de interrogação numa só crónica) quem garante que esta "Avenida" - por cá as avenidas acabam sempre por ser vias rápidas - termina no "remate" da Boavista? Está o projecto de atravessamento do Parque da Cidade definitivamente posto de parte? E, já agora, que diz o actual PDM sobre a Estrutura Ecológica Municipal daquela zona? Que sucederá à ribeira de Nevogilde e suas margens? Que zonas verdes haverá que não sejam só a "flor no chapéu" da avalancha imobiliária? Por que não dar prioridade ao transporte público na nova via, seja com metro ou com eléctrico?Perguntas, sim. Até para nos afastarmos da polémica sobre a "largura" da coisa, problema pertinente, mas para tratar depois de definidos os critérios, a concepção de cidade se quiserem, a que obedecerá o projecto. Em todo o caso, ninguém ignora que tanto asfalto como o anunciado não configura propriamente uma via amigável para os peões, nem uma aprazível mais-valia paisagística para os campos de Nevogilde, mesmo com árvores e a ciclovia - esse inevitável pormenor que tantas vezes procura apenas decorar o absoluto domínio dos automóveis!Uma última pergunta que debate vamos ter sobre este assunto? A confiar no autarca responsável, será profundo e profícuo. Esperemos que sim. Que não decorra em período de férias e que exceda, se possível, os apertados limites legais. Um debate a sério, sobre princípios e ideias e não asfixiado à partida pelo "burocratês" dos peritos habituais. Veremos.
2) Lembram-se os leitores da anunciada central de energia das ondas do mar, no molhe norte da barra do Douro, em construção? Foi dito que seria um equipamento inovador, capaz de produzir electricidade equivalente ao necessário para 600 famílias. E, como protótipo, lançaria o Porto no mapa de uma tecnologia limpa e prometedora. Pois bem, parece que fica sem efeito. Ao que se diz, falta que o Ministério das Obras Públicas dê ao projecto o aval definitivo. Ao escrever estas linhas, não sei se haverá já um desfecho para esta história. A falta de empenho governamental levará a que o molhe seja concluído sem energia das ondas para ninguém. O que seria lamentável e espantoso, até porque as obras de construção dos molhes poderiam assim exibir alguma vantagem ambiental e de sustentabilidade, ao menos como compensação de outros males!blguimaraes@hotmail.com
UM ARTIGO PUBLICADO NO jN PELO AMBIENTALISTA BERNARDINO GUIMARÃES.
Um contributo para a discussão.
1 comentário:
Da discussão nasce a luz.
Um projecto com mais de 40 anos devia estar amadurecido, mas parece que não é o caso.
Se a Camara tem assim tenho dinheiro para gastar e é prioritário que avance.
Que em termos de discussão não seja uma nova OTA.
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